Ministra incapaz de dar tranquilidade aos cidadãos

27 jul 2017

O PSD lembrou, em comissão parlamentar, as incoerências de um Governo cujos membros parecem seguir uma “cartilha” e são incapazes de pedir desculpa pelas falhas registadas.

 

O PSD pediu nesta audição humildade democrática”, destacou Carlos Abreu Amorim no final da audição desta quinta-feira à ministra da Administração Interna. “Pedimos que fosse dada tranquilidade aos cidadãos e isso não aconteceu. Pedimos que se assumisse alguma responsabilidade por aquilo que está a acontecer, isso não sucedeu”, acrescentou.

Segundo o social-democrata, “a senhora ministra foi fidelíssima à cartilha” (dizendo “que aquilo que aconteceu foram falhas ocasionais, intermitentes e fenómenos meteorológicos imprevisíveis e que, se houve algum problema já vinha detrás, portanto não vale a pena falar nisso”). “Ignorou por completo que foi o seu governo e a sua equipa que asseguraram o sistema de prevenção e combate aos incêndios e inclusivamente o SIRESP”, afirmou, salientando que a ministra “acabou por manifestar uma atitude que é de todo o Governo que integra”. Assim, “o PSD considera que é lamentável esta oportunidade perdida”, pelo que Constanta Urbano de Sousa “devia ter pedido desculpa, não o fez e é lamentável que assim seja”.

 

Comandantes e bombeiros garantem que o SIRESP” tem falhado

Este ano a área ardida já contabilizada é a maior da última década”, alertou Carlos Abreu Amorim. “Não vale a pena culpar em exclusivo a meteorologia e a falta de ordenamento florestal”, desafiou, perguntando à ministra da Administração Interna sobre o que poderia dizer para “atenuar esta crise de confiança no Estado?”.

A senhora ministra é capaz de assegurar que o sistema está operacional para garantir a segurança?”, questionou o deputado social-democrata, depois de ter enumerado as diversas contradições em que o próprio Governo se tem envolvido. “Vai ser feita alguma coisa de útil e visível para remendar este sistema de comunicações?”, inquiriu, após ter lembrado que a informação dada pela Autoridade Nacional da Proteção Civil (ANPC) sobre o SIRESP parece seguir a mesma “cartilha” em todos os incêndios que se têm registado.

Carlos Abreu Amorim denunciou, na comissão parlamentar, que a grande maioria dos “comandantes e bombeiros garantem que o SIRESP” tem falhado, uma versão que tem sido contrariada pela própria proteção civil. Lembrou, ainda, que o próprio primeiro-ministro admitiu as falhas do sistema em Pedrógão Grande, tendo sido contudo contrariado por entidades que dependem do Ministério da Administração Interna. “Afinal em quem é que os portugueses podem confiar? A palavra do primeiro-ministro tem valor?”, perguntou.

De acordo com o social-democrata, tem-se assistido a uma “balbúrdia inadmissível” que, por conseguinte, “tem minado a confiança dos cidadãos no Estado”. “Porque é que a senhora permite uma bulha inconsequente, mas muito vergonhosa entre as entidades com responsabilidade na prevenção e combate aos incêndios, com a particularidade de todas elas serem dependentes direta ou indiretamente do Governo e até da pasta da Administração Interna?”, inquiriu.

 

Os portugueses ficaram a conhecer melhor quem os governa

O vice-presidente do grupo parlamentar do PSD salientou que, na sequência dos incêndios que têm afetado o País, “os portugueses ficaram a conhecer melhor quem os governa”. Salientou que “nem só de sensibilidade e de simpatia vive um membro do Governo” para, logo depois, lembrar que os portugueses “desejam e exigem” dos seus governantes que tomem “essencialmente decisões lúcidas”, manifestando “capacidade de liderança, aptidão para saber coordenar os seus serviços e entidades”, assim como “competência para enfrentar os momentos difíceis e possuir a humildade democrática de assumir os próprios erros e os dos que deles dependem”. Tal como recordou, “foi exatamente o contrário aquilo que este Governo e esta equipa do MAI revelaram”.

Carlos Abreu Amorim afirmou que “apesar da coragem dos bombeiros, dos agentes da autoridade, dos serviços de segurança, é hoje inquestionável que o Governo não esteve à altura deste momento [incêndios em Pedrógão Grande] tão difícil”. Destacou que nas últimas semanas se tem assistido “a um espetáculo lamentável de uma equipa da Administração Interna, aparentemente impotente” e incapaz de “transmitir aos portugueses confiança”.

Não considera que foi um erro mudar, de alto a baixo, os comandos da ANPC?”, perguntou ainda, salientando não ser compreensível a razão da mudança e recordando que se têm feito ouvir diversas queixas de que “as lideranças não estão a conseguir dar respostas satisfatórias”.