Incêndios: declarações do Governo são estranhas e demonstram desespero

27 jul 2017

Carlos Abreu Amorim classificou, esta quinta-feira, de “estranhas e até um pouco desesperadas” as declarações que responsáveis governamentais proferiram esta quarta-feira. “As acusações que foram feitas ao PSD são totalmente descabidas, desajustadas e fazem ricochete”, afirmou, explicando que é “falso” quando “o Governo diz que o PSD está a tentar obter algum aproveitamento político desta tragédia”. Considera que o que está a acontecer “é uma gestão de comunicação e de marketing político elevado até ao ponto máximo”. Com “acusações, política de ocultação e de passa as culpas”, este Governo está a criar “este clima de suspeição e desconfiança que é negativo”, alertou.

Depois de o Governo ter acusado o PSD de comportamento “indigno”, os social-democratas responderam “de forma muito clara”: “indigno é, até este momento, não ter chegado um cêntimo do dinheiro público e do muito dinheiro privado que a sociedade portuguesa angariou desde a tragédia” que afetou a região de Pedrógão Grande.

De acordo com Carlos Abreu Amorim, “indigno, e absolutamente reprovável, é o facto de o PSD ter apresentado um projeto urgente que criava um mecanismo extrajudicial para reparação às famílias dos falecidos e aos feridos graves”. Apesar dos apoios do PCP e do BE, o PS não permitiu que o mesmo fosse aprovado em 19 de julho, “não dando consentimento para que fossem feitas as três votações, designadamente a votação final deste projeto que ficou a aguardar para setembro”, salientou. Este é mais um exemplo do contributo dos socialistas: fizeram com que “esta necessidade urgente de reparação fosse adiada”.

 

Já era tempo” de o Governo pedir desculpa aos portugueses

Para o vice-presidente do grupo parlamentar do PSD, “indigno, também, é a Lei da Rolha que condiciona a atividade da comunicação social, aumenta um clima de suspeição e de desconfiança em relação àquilo que está a ser feito na prevenção e no combate aos incêndios”. Referiu-se, ainda, à não explicação por parte do atual Executivo do motivo pelo qual “mudou os comandos da Autoridade Nacional da Proteção Civil a meses do início da época dos fogos com os resultados que, neste momento, estão à vista”. Reiterou que “indigno é, também, a lógica do passa as culpas absolutamente compulsiva e negativa, no sentido em que ninguém assume responsabilidades”.

O PSD considera ser cada vez mais evidente que “o Estado falhou” e que “´já era tempo” de o Governo pedir desculpa aos portugueses por isso mesmo. Contudo, nenhum responsável governamental ou “o próprio primeiro-ministro pediu desculpa ao País, às populações diretamente afetadas por esta tragédia dos incêndios” que têm deflagrado em vários pontos do País.

É ao Governo que devemos todo este clima de confusão a que temos assistido”, denunciou Carlos Abreu Amorim. Segundo reiterou, foi devido à “posição enérgica” do PSD e à comunicação social que foi possível “desmascarar algumas especulações que por aí andavam e só porque foi criado pelo Governo o clima para que isso acontecesse”.

O deputado social-democrata referia-se à divulgação da lista (das vítimas dos incêndios da região de Pedrógão Grande) que aconteceu na terça-feira por parte do Ministério Público. A desorientação do atual Executivo foi evidente em vários momentos. “O Governo andou a dizer que a lista estava com o Instituto de Medicina Legal (IML), depois que era uma questão da Autoridade Nacional da Proteção Civil (ANPC), depois da Polícia Judiciária (PJ) e, finalmente, do Ministério Público”, sublinhou. “A PJ, a ANPC e o IMT estão sob a tutela do Governo”, lembrou, “portanto não se entende porque é que ele próprio promove esta lógica absolutamente antidemocrática de passa as culpas”. Defendeu que esta desorientação deu origem a especulações, bem como ao “clima de desconfiança em relação ao Estado”. Afirmou, por isso, que “foi graças ao PSD e à comunicação social que esse nó foi desfeito”.

A transparência e o cessar, de uma vez por todas, do clima de suspeições que estava a grassar praticamente em todo o País é algo com que nos devemos regozijar e isso deve-se à atitude do PSD e, também, da comunicação social”, disse o deputado. A divulgação da lista permitiu, assim, “trazer mais verdade a uma situação que parecia estar sujeita a uma lógica estranhíssima de ocultação por parte não sabemos de quem”, referiu, acrescentando que o Executivo reclama, agora, que a ocultação não se devia nem a si, nem às “entidades governamentais que estão sujeitas a tutelas e superintendência”. O PSD não entende o motivo pelo qual foi necessário “tanto tempo” para a disponibilização da lista que, tal como reiterou, “é o dado mais básico quando uma tragédia destas acontece”.