“A economia tem de crescer o suficiente para pagar o que se deve e para investir para futuro”

22 set 2017

 

Na Batalha, o Presidente do PSD desafiou o Governo a quebrar o silêncio sobre como pretende contribuir para a discussão sobre o reforço de segurança na Europa. Salientou que os números hoje divulgados pelo INE demonstram que, em 2015, ainda se cresceu mais do que se supunha, um resultado direto das reformas levadas a cabo pelo PSD, e que ainda hoje têm impacto. O líder da oposição salientou ainda que a meta de investimento público a que o Governo se propôs para este ano (21,5%) está muito aquém do que se registou no primeiro semestre, crescendo só 1,2%

 

Os dados mais relevantes divulgados hoje pelo INE são os que se referem a 2015, que demonstram que, nesse ano, ainda se cresceu mais do que se supunha”, afirmou hoje Pedro Passos Coelho, na Batalha.

O Presidente do PSD salientou que, no último ano do Governo liderado pelo PSD, se cresceu 1,8%, o que fez com que a economia crescesse em 2016 e até no princípio de 2017. Por outro lado, “os dados deste ano não trazem novidade nenhum. A nossa economia foi das que menos cresceu na União Europeia. A economia portuguesa, olhando de um trimestre para outro e comparando com os outros países europeus, é das que menos cresce. Está no fundo da tabela, e em vez de estar a ganhar gás está a perder gás. Se isto continuar, para o ano não cresceremos tanto. Fica assim provado que no ano passado podíamos ter crescido a um ritmo superior”.  

Se tudo continuar como está, para o ano Portugal crescerá menos. Para os socialistas, para crescer mais é preciso que o Estado gaste mais. Mas, “é curioso que hoje as contas do INE mostrem que o investimento público, que foi anormalmente baixo no ano passado, continua a não sair do sítio. Nos primeiros seis meses do ano, só cresceu quase 1,2% em relação ao ano anterior. No Orçamento do Estado, preveem que cresça mais de 21,5%. Alguém acredita que vai crescer o suficiente para que a meta seja atingida?”, questionou. 

A receita socialista é gastar mais em investimento”, mas era preciso que o Estado tivesse um desempenho diferente. “Todos os dias os membros do Governo dizem que agora é que o investimento vai arrancar, mas os projetos não saem do papel. Quando olhamos para a despesa de capital, fica o resto, que é pôr o Estado a gastar mais na conta corrente. O Estado tem gasto mais em salários, mas não tem feito crescer a economia. A economia cresce pelas exportações e turismo, áreas para os quais o Governo não tem um contributo imediato”.

 Aquilo de que Portugal precisa é de “criar condições de maior confiança para o investimento”. Investimento que poderia ocorrer, por exemplo no Alojamento Local, mas daí é impensável esperar que haja impulso com impostos como o imposto Mortágua, que “retrai os investidores”. Precisa de uma perspetiva de economia “oposta à da geringonça”.

Hoje, “o País cresce fruto das nossas reformas, a começar pela lei laboral que o BE e PCP querem reverter. Mas temos de fazer reformas, temos de ter a ambição de semear algo para futuro. Temos de ter um governo reformista”.

O que é necessário é “criar condições para que haja algo a acrescentar ao que vem do passado, mais qualificação, inovação e capacidade para disputar mercados. Temos de aproveitar o crescimento dos outros países. E lançar as sementes das reformas necessárias”.

Porque tal é muito importante. “É muito importante que, na política nacional ou autárquica, se acrescente algo para futuro. Ninguém colhe se não semear. Se queremos mais do que hoje temos de fazer mais do que já fizemos. Para as coisas para correrem bem, é ver a economia crescer o suficiente para pagar o que se deve e investir para futuro. E para isso ainda temos muito que fazer”, disse o líder social-democrata.  

Até agora, o Governo criou muitas expectativas, mas fez muito pouco a pensar no futuro: “passaram os dois primeiros anos foi a dizer mal do passado e a mostrar que era possível fazer diferente. Agora que temos dois anos pela frente descobriram que temos de fazer escolhas. As escolhas nestes dois anos foram muito orientadas para o curto prazo”.

 

Segurança na Europa: ao Governo, exige-se transparência

Para Pedro Passos Coelho, é crucial que Portugal “tenha um papel de participação pena na Europa de segurança e defesa que se está a preparar. Temos o direito de saber o que andam a fazer. Mas ainda não disseram nada sobre isso, nem no Parlamento, nem na reunião do Conselho Superior de Defesa Nacional”, que decorreu ontem.

A mim mete-me impressão que o Governo não tenha opinião sobre estas matérias. Já se estão a discutir documentos, e eles não acham nada, não têm opinião. Como é possível não ter opinião, se termina este mês o prazo para indicar matérias e para o mês que vem para que os países digam se querem estar incluídos ou não. Portugal vai ficar de fora? É esta a maneira que tomam como exemplo do que deve ser a nossa participação na europa? Não temos voz própria? O que queremos de Portugal na relação da europa com a NATO? Espero que se quebre o silêncio rapidamente”, disse.

Portugal e os portugueses têm o direito de estar informados, para se debater com transparência estas matérias. Mas em vésperas de eleições, “o Governo só debate aumentos que quer dar e a baixa de impostos que quer oferecer. Mas o que seja discutir outras coisas em que a geringonça não se entende temos silêncio absoluto”, não sendo esta uma forma “boa e transparente de governar”.