Pedrógão Grande: portugueses continuam à espera de uma resposta do Estado

17 nov 2017

 

Cinco meses depois da tragédia de Pedrógão Grande, o que ainda se verifica no terreno é descoordenação das respostas do Estado. Após uma reunião com a Associação de Vítimas, Hugo Soares afirmou que o País precisa de saber a resposta a uma pergunta essencial: “quantos cêntimos do Estado já foram colocados na recuperação da casa das vítimas?”

A resposta é elucidativa de como o Estado que falhou, que colapsou na protecção das pessoas, continua a falhar a quem deles precisa. Isso é algo que nos deve manter indignados. E as pessoas, que foram muito solidárias e prontas a responder, devem saber que há ainda um drama que se vive todos os dias porque o Estado continua a falhar”, denunciou o líder parlamentar do PSD. “Há uma missão última do Estado que tem de existir. Não podemos admitir que o Estado se demita da sua função e que seja a onda de solidariedade a fazer o que o Estado não faz”, reiterou.

Os deputados social-democratas deslocaram-se hoje ao terreno para perceber “como é que as respostas estão a ser dadas por quem tem responsabilidade de as dar”, afirmou Hugo Soares, acrescentando não sair animado porque há ainda “uma necessidade urgente de dar resposta aos familiares e às populações do ponto de vista de apoio psicológico especializado para o trauma pelo qual passaram”.

No terreno, “há uma total descoordenação. Hoje, quem precisa de apoio psicológico, tem de se dirigir ao centro de saúde, mas o que devia estar a acontecer era um levantamento no terreno de quem precisa desse apoio, para que seja possível ultrapassar o trauma”. Para o líder da bancada laranja, “o Estado tem de acorrer para poder ajudar as pessoas a superar um trauma que aconteceu por responsabilidade do Estado”.

Mas o que se vê são “algumas montras para mostrar e fazer propaganda politica, todas à conta da solidariedade de outros, porque felizmente temos um País muito solidário e as pessoas rapidamente acorreram” as vítimas da tragédia.

O que se verifica, tal como revela Hugo Soares, é que “as pessoas de Pedrógão Grandes estão há cinco meses à espera de um mecanismo que permita que os familiares possam ser indemnizados. Isto é inconcebível.

Quando o grupo parlamentar do PSD apresentou um projeto para que fosse instituído um mecanismo extrajudicial para reparar e indemnizar as vítimas da tragédia, a maioria de esquerda disse que era preciso “conhecer-se os relatórios e estudos para perceber se o Estado teve ou não responsabilidade objectiva. Sem um único relatório ou estudo, o Governo rapidamente assumiu responsabilidade depois dos fogos de outubro. Por causa da pressão política, porque acharam que não podiam levar a falta de vergonha a outro limite”, denunciou.