Para Sá Carneiro, “a política sem ética é uma vergonha”.
Ética, que se expressa na lealdade e na verdade com que se tomam e apresentam decisões políticas, e ética na humildade com que se assume a responsabilidade pelos resultados alcançados.
Infelizmente, a ética não é um valor caro a todos.
Depois da lamentável versão desportiva de que o fairplay é uma treta, temos agora a vergonhosa versão política do Primeiro-ministro para quem as questões éticas não passam de tricas.
Valha a verdade que este posicionamento rasteiro no plano dos valores não é novo para o Governo Socialista.
Foi assim na chico-espertice dos subsídios de habitação indevidos para membros do Governo, no descaramento da aceitação de ofertas interesseiras de viagens ao futebol, na mentira desmascarada sobre a preferência solicitada às instâncias europeias pela solução Santander no caso BANIF, na escamoteada responsabilização financeira dos contribuintes no problema dos “indignados” no caso BES-GES, etc, etc.
Está claro que nada disto questionou a cumplicidade ou impressionou minimamente os parceiros do PCP e do BE.
Na boa doutrina Leninista e Estalinista, os fins justificam os meios, e desde que continue garantido o seu objectivo último de manter fora do poder quem os portugueses escolheram para governar, tudo engolem e tudo correm, solícitos a branquear.
Ver o PS capturado por esta velha cartilha comunista, isso sim é uma triste novidade.
Uma novidade que se elevou a patamares de ainda maior requinte, na inqualificável gestão governamental do processo CGD.
Diz agora o Primeiro-ministro que não tira conclusões sobre a posição do seu Ministro das Finanças, com base em acordos invocados por terceiros, até que se exiba a prova escrita do compromisso ministerial.
Quer isto dizer que, pela sua parte, a negociação feita, os acordos firmados e até a aceitação pelo Conselho de Ministros da lei à medida, redigida pelos interessados, que os concretizaram, não provam nada, não valem nada.
Registamos.
Ficam todos a saber, ou pelo menos aqueles que ainda alimentam dúvidas, que a palavra dada por este governo não é palavra honrada.
Ou há prova escrita, ou nada feito!
Confesso que este exuberante exemplo de miséria ética já não me surpreende.
Afinal de contas, este Primeiro-ministro e este governo são legítimos e orgulhosos herdeiros da escola Sócrates.
O Presidente da República que se cuide.
No saber de experiência feito do seu ilustre antecessor, quando as palavras deixam de se conformar com a realidade dos factos, convém passar a olhar com desconfiança para a “narrativa” e as “boas notícias” que lhe são vendidas pelo Primeiro-ministro.
É que os Portugueses não merecem ser constantemente tomados por parvos, e o País não se aguenta por muito tempo na beira do precipício.
Luís Marques Guedes
Deputado
Nota: o autor escreve de acordo com o antigo acordo ortográfico.
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