Um Governo sem honra nem palavra

13 fev 2017

Para Sá Carneiro, “a política sem ética é uma vergonha”.

Ética, que se expressa na lealdade e na verdade com que se tomam e apresentam decisões políticas, e ética na humildade com que se assume a responsabilidade pelos resultados alcançados.

Infelizmente, a ética não é um valor caro a todos.

Depois da lamentável versão desportiva de que o fairplay é uma treta, temos agora a vergonhosa versão política do Primeiro-ministro para quem as questões éticas não passam de tricas.

Valha a verdade que este posicionamento rasteiro no plano dos valores não é novo para o Governo Socialista.

Foi assim na chico-espertice dos subsídios de habitação indevidos para membros do Governo, no descaramento da aceitação de ofertas interesseiras de viagens ao futebol, na mentira desmascarada sobre a preferência solicitada às instâncias europeias pela solução Santander no caso BANIF, na escamoteada responsabilização financeira dos contribuintes no problema dos “indignados” no caso BES-GES, etc, etc.

Está claro que nada disto questionou a cumplicidade ou impressionou minimamente os parceiros do PCP e do BE.

Na boa doutrina Leninista e Estalinista, os fins justificam os meios, e desde que continue garantido o seu objectivo último de manter fora do poder quem os portugueses escolheram para governar, tudo engolem e tudo correm, solícitos a branquear.

Ver o PS capturado por esta velha cartilha comunista, isso sim é uma triste novidade.

Uma novidade que se elevou a patamares de ainda maior requinte, na inqualificável gestão governamental do processo CGD.

Diz agora o Primeiro-ministro que não tira conclusões sobre a posição do seu Ministro das Finanças, com base em acordos invocados por terceiros, até que se exiba a prova escrita do compromisso ministerial.

Quer isto dizer que, pela sua parte, a negociação feita, os acordos firmados e até a aceitação pelo Conselho de Ministros da lei à medida, redigida pelos interessados, que os concretizaram, não provam nada, não valem nada.

Registamos.

Ficam todos a saber, ou pelo menos aqueles que ainda alimentam dúvidas, que a palavra dada por este governo não é palavra honrada.

Ou há prova escrita, ou nada feito!

Confesso que este exuberante exemplo de miséria ética já não me surpreende.

Afinal de contas, este Primeiro-ministro e este governo são legítimos e orgulhosos herdeiros da escola Sócrates.

O Presidente da República que se cuide.

No saber de experiência feito do seu ilustre antecessor, quando as palavras deixam de se conformar com a realidade dos factos, convém passar a olhar com desconfiança para a “narrativa” e as “boas notícias” que lhe são vendidas pelo Primeiro-ministro.

É que os Portugueses não merecem ser constantemente tomados por parvos, e o País não se aguenta por muito tempo na beira do precipício.

 

Luís Marques Guedes

Deputado

 

Nota: o autor escreve de acordo com o antigo acordo ortográfico.